
O 4º Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de novembro e pela primeira vez foi promovido em uma plataforma virtual. Palestrantes do Brasil e do exterior falaram da impressão e sua relação direta com tecnologia e sustentabilidade.
Entre eles, está o pesquisador alemão Ulrich Wolzenburg, que falou sobre o tema “Digitalização em pequenas e médias empresas”, mostrando que novos conceitos e tecnologias não estão restritos apenas aos grandes grupos e sim a todos os portes de empresas, bastando saber como adaptar cada conceito a diferentes realidades.
Nós fizemos uma entrevista exclusiva com Ulrich tratando da adoção de novos conceitos, como implantar e a importância da pré-impressão. Confira abaixo:
– Qual a importância de uma iniciativa como o Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica?
O desenvolvimento de atuais e futuras tecnologias já se encontra em um estado muito dinâmico. Se assumimos que a velocidade dos desenvolvimentos tecnológicos seguirá crescente, torna-se ainda mais importante estar em constante intercâmbio – mesmo além das fronteiras nacionais – para participar nos desenvolvimentos atuais, e também permitir que outros tomem parte nesse desenvolvimento geral. Especialmente como cientistas, há um mais componente do que apenas participar, é oferecer várias possibilidades para observar os diferentes estágios de digitalização que já estão em toda – assim chamada – indústria.
– Ainda há resistência por parte dos empresários menores em buscar por conceitos inovação e automação?
Esta não é fácil de responder. Por um lado, há muitas empresas inovadoras e motivadas que não apenas tratam das questões de automação, mas também de muitos aspectos da digitalização progressiva. Por outro lado, você também encontra sempre empresas que estão lutando contra isso. É muito fácil atribuir essas dificuldades apenas aos proprietários de empresas, mas muitas vezes há outros problemas estruturais que dificultam o desenvolvimento das empresas no contexto da digitalização.
Afinal, a automação simples não é o suficiente. Os fluxos de trabalho devem ser adaptados, funcionários devem ser treinados e – dependendo dos objetivos – estruturas corporativas devem ser desmembradas. Porém, mais oportunidades de treinamento e uma abordagem aberta e transparente aos objetivos corporativos podem ser um primeiro alicerce aqui.
– Como convencer os empresários da relevância de buscar por sistemas de automação e adoção de conceitos mais inteligentes e automatizados para as suas empresas?
Esta também é uma questão muito interessante. Isso me incentiva a fazer uma “contra-pergunta”: é realmente necessário convencer empresários de um conceito bem-estabelecido que contradiz suas ideias ou talvez até seus ideais?
É claro que há muitos fatores que falam por sistemas automatizados e soluções de uma perspectiva de negócios. Aqueles que são empreendedores engajados e onde isto se encaixa no modelo de negócio encontrarão eles próprios essa necessidade. Mas há ainda companhias que ocupam nichos onde a automação pode ser muito menos importante do que os aspectos criativos ou humanos. Em suma, no entanto, deve-se notar que a automação, especialmente quando falamos do uso de sistemas inteligentes, desempenha um papel importante no contexto de digitalização – mesmo que não precise ser a resposta final.
– O quanto os conceitos da Indústria 4.0 impactaram e vão impactar a indústria de impressão?
Indústria 4.0 é um conceito de longo alcance, que descreve principalmente a rede (inteligente) de máquinas e processos na indústria. Este conceito não é mais novo atualmente e empresas de uma série de indústrias vêm lidando com ela por algum tempo – e os desafios que ela impõe. Na indústria de impressão, também, a Indústria 4.0 é conhecida há muito tempo como Impressão 4.0. Em particular, a rede de máquinas já vem ocorrendo aqui há muito tempo; equipamentos modernos têm um grande número de sensores que gravam e coletam um grande número de dados. É importante agora avaliar estes dados de uma maneira focada e usá-lo em seu próprio benefício. Este é atualmente um dos maiores desafios que estamos de fato vendo nas empresas de impressão e mídia no contexto da Indústria 4.0.
– A preparação de trabalho é o ponto mais crucial quando falamos de produtividade?
Eu basicamente concordo, especialmente quando falamos de produtividade, o que normalmente significa combinar e processar muitos trabalhos de impressão no menor tempo possível; com o menor custo de investimento, a preparação é um fator decisivo. Aceitação automatizada de trabalho, correção e configuração de impressão conjunta podem ser componentes cruciais.
Mas, novamente: digitalização e as oportunidades que ela oferece é mais do que apenas implementar alguma tecnologia e a pura automação de trabalhos impressos. Muitos potenciais estão em outras áreas da empresa e – além da economia de custos – também podem ser boas oportunidades para novos serviços ou modelos de negócio. No entanto, encontrá-las nem sempre é fácil, pois muitas vezes exige uma mudança de perspectiva mesmo dentro da empresa, o que pode ser um grande desafio dependendo da estrutura da empresa (e do empresário).